Gigante e eloquente, seguia desfilando o elefante pela avenida semi-pavimentada, cheia de buracos, remendos, com lobadas e depressões aqui e ali. Defecava como sempre um esterco de odor agradável a muitos olfatos, tórpidos de deleite ou êxtase, quando esguichou sua água trombática no gnu que se esforçava em manter-se aparte do espetáculo. Hienas e avestruzes deleitavam-se ululantes em torno do proboscídeo.
Mabecos que rondavam por perto uivaram em reprovação, despertando a atenção de lêmures esticados sobre as cabeças das girafas. Os pequenos bichos, saturados daquela apelativa e alienante ostentação de marfins, desceram rapidamente pelos pescoços longínquos e atacaram massivamente coquinhos em direção a uma das patas do elefante, gritando à plateia que olhasse por um instante ao azul do céu. Os mini-projéteis causaram-lhe um perceptível e indolor arranhão na pele cascuda. O público continuou estupefato com a afetada riqueza visual do mamífero maior. O elefante decidiu interromper o jorro nasal para utilizá-lo em momento mais oportuno.
E seguiu sua pomposa parada festiva, para satisfação de babuínos, gibões e gorilas, cercado de flamingos, chacais e guepardos.
(Os lêmures abrigaram-se novamente de focinhos empinados em suas guaritas, enquanto as hienas esgoelavam-se em risadas sabendo que mais tarde a carniça podre dos espectadores estaria mais uma vez disponível.)