Numa coluna da casa
Há a raiz de uma árvore
Podada
A cada estação cresce a árvore
E mais uma vez é
Podada
Abaixo da casa
Há uma fundação
Perfurando o solo
A erguer a construção
A raiz disputa lugar com a fundação
A raiz - orgânica - fere a fundação
Acha nutrientes no solo
Para crescer a árvore
Pela coluna da casa
Desce uma canaleta
Na chuva jorra água
Escoa pela ardósia
E some pelo ralo
Um pouco da água não desaparece no ralo
se espalha pela ardósia - prévio solo rígido - e na fissura do piso, em torno do caule
Se esvai
pela
fundação
atinge
o
solo
A água de cima
junta-se
ao solo de baixo
Motivam a raiz a alimentar a planta
E fomentam a guerra - raiz contra fundação
A raiz luta contra a fundação da casa
Vence
Vitorioso, cresce o caule
Com tímidos galhos
Folhoso verdejante
Vitorioso, logo
Podado
O sol ilumina a casa e as folhas
A casa estagnada não progride
As folhas iluminadas alimentam
A planta que progride
Podada
O que vem do alto e do fundo
É pela planta
O que fica no meio, estático
É pelo homem e para ele
Não para a humanidade
A raiz é fundação da árvore
Ainda projetada, inexistente
Abstrata e desarmada
O concreto armado é fundação da casa
Raiz vence concreto
Árvore não vence casa
Raiz, vens de baixo
Eu, coluna, ergo-me acima
orior supra ergo sum
Não queira deslocar-me
Oprimo-te em prol da casa
Vitorioso homem sobre natureza
Se acaba o homem, perde a casa
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3 comentários:
O que vem de baixo, me atinge.
Poesia "concreta"?
hahhaha engraçado demais
gostei
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