Num tempo não muito distante vivia um mancebo saudável e cheio de disposição para se divertir e conviver com seus semelhantes. Eis que num de seus passeios pelo fantástico mundo da realidade paralela, ele exagerou na dose da poção mágica e foi sugado ao solo pela gravidade ébria. Em uma instantânea batalha interna, rompedora de ligamentos, dois de seus ossos disputaram a permanência de suas situações no esqueleto. Como a justiça do sistema nervoso central estava abalada, a derrota foi inevitável para um deles: a fíbula, pelos antigos conhecida como perônio, deixou-se fraturar na extremidade inferior. Os bruxos disseram-lhe: "Somente erguer-te-ás novamente se te deixares incrustrar pelos cinco pinos da salvação." Sem escolha, a fíbula está agora amparada e em recuperação, obrigando seu portador a um período de reclusão e reflexão. Enquanto a projeção dos cinco parafusos perdurar no pobre perônio, ficará a fíbula infatigável proferindo profana suas fábulas.
Com o pé quebrado, cheio de parafusos...
sofro profunda e dolorosamente com qualquer topada ou chute que me encoste o tornozelo esquerdo.
não posso usar bota ou tênis de cano alto.
não preciso usar caneleira no futebol, pois já tenho uma interna - de aço!
tenho crédito para comprar revistas "Piauí".
vivo dando mancada.
não corro mais o risco de levantar com o pé esquerdo.
ando com um pé atrás.
sofro vendo desenho do Pica-Pau se fazendo de médico no hospital.
Este blog e seu criador não tem nenhuma relação com o grupo de teatro Cia. Fábula da Fíbula, que é uma realização da Estação Ciência e da Companhia Paulista de Teatro. A semelhança entre os nomes é uma mera coincidência (ok, a paranomásia é bastante óbvia).
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