Foram apresentados. Tiveram ali seu primeiro simpósio em meio aos convivas. Ele convidou-a à dança. Ela superou a recusa instintiva e cedeu. Os pés embriagados entraram em compasso e desencadearam o toque primogênito dos lábios e das papilas. Ele avançou, ela recuou.
Trocaram olhares, sorrisos e contatos. No enlace seguinte, o encaixe perfeitamente complementar, o suor da satisfação mútua e a percepção de que o intento não seria em vão. Ele a procurava, ela deixava-se encontrar. Descobriram interesses em comum e isso os tornava mais íntimos.
Ele mostrou-lhe a incomum hibridez de seu mundo múltiplo e ela acolheu-o dengosamente em seu lar aconchegante. Concederam reciprocamente os vistos de livre passagem pela fronteira entre suas vidas. Estradas longas de asfalto e de terra, com destinos certos ou nem tanto. Até que ele tomou para si só a direção. Na busca por novos caminhos, caía sempre nos mesmos. A neblina de vias conhecidas e previsíveis embaralhava suas vistas e não o deixavam enxergar além. A melodia soava monótona, de um tom rosa cujo aroma evitava aspirar para não deixar-se envolver.
Ele ávido por novidade, ela desejosa de atenção, por mínima que fosse. No vácuo do sentimento esgotado surgiu um degradante campo magnético: quanto mais ela esforçava-se em reaproximar-se, mais levianamente reagia ele com subterfúgios. Ela o chamava para seu cotidiano e ele fugia para imprevistos impulsivos de devaneios coletivos. Ocultava e assim alimentava seu fastio. Mesmo que sentisse, ela julgaria inverossímil. Com involuntária displicência, manteve-se discreta e paciente. Semi-inconsciente da alienação, palestrava segurando com dedos fortes a mão que sorrateiramente esgueirava-se; confabulava procurando o respaldo de um olhar que, desfocado, esvaía-se.
Sufocado pela inércia da dissimulação mal representada, veio final e subitamente à tona com a implacável e inevitável sinceridade. Acumulou coragem para superar qualquer inação frente ao sofrimento tão simultaneamente alheio e próprio. Rudes palavras em prol do esclarecimento e da resignação para um futuro menos amargo. Ele, aparentemente impassível e internamente agoniado; ela, interrogando com lágrimas a desditosa notícia.
Dois dias para recuperar o fôlego e uma nova conversa para consumar o infortúnio de um crime sem culpados nem réus. E assim a humanidade segue acumulando mais um caso em seu ocaso. O aborto, involuntário ou não: a sutil morte prematura do embrião de um amor desconstruído.
Trocaram olhares, sorrisos e contatos. No enlace seguinte, o encaixe perfeitamente complementar, o suor da satisfação mútua e a percepção de que o intento não seria em vão. Ele a procurava, ela deixava-se encontrar. Descobriram interesses em comum e isso os tornava mais íntimos.
Ele mostrou-lhe a incomum hibridez de seu mundo múltiplo e ela acolheu-o dengosamente em seu lar aconchegante. Concederam reciprocamente os vistos de livre passagem pela fronteira entre suas vidas. Estradas longas de asfalto e de terra, com destinos certos ou nem tanto. Até que ele tomou para si só a direção. Na busca por novos caminhos, caía sempre nos mesmos. A neblina de vias conhecidas e previsíveis embaralhava suas vistas e não o deixavam enxergar além. A melodia soava monótona, de um tom rosa cujo aroma evitava aspirar para não deixar-se envolver.
Ele ávido por novidade, ela desejosa de atenção, por mínima que fosse. No vácuo do sentimento esgotado surgiu um degradante campo magnético: quanto mais ela esforçava-se em reaproximar-se, mais levianamente reagia ele com subterfúgios. Ela o chamava para seu cotidiano e ele fugia para imprevistos impulsivos de devaneios coletivos. Ocultava e assim alimentava seu fastio. Mesmo que sentisse, ela julgaria inverossímil. Com involuntária displicência, manteve-se discreta e paciente. Semi-inconsciente da alienação, palestrava segurando com dedos fortes a mão que sorrateiramente esgueirava-se; confabulava procurando o respaldo de um olhar que, desfocado, esvaía-se.
Sufocado pela inércia da dissimulação mal representada, veio final e subitamente à tona com a implacável e inevitável sinceridade. Acumulou coragem para superar qualquer inação frente ao sofrimento tão simultaneamente alheio e próprio. Rudes palavras em prol do esclarecimento e da resignação para um futuro menos amargo. Ele, aparentemente impassível e internamente agoniado; ela, interrogando com lágrimas a desditosa notícia.
Dois dias para recuperar o fôlego e uma nova conversa para consumar o infortúnio de um crime sem culpados nem réus. E assim a humanidade segue acumulando mais um caso em seu ocaso. O aborto, involuntário ou não: a sutil morte prematura do embrião de um amor desconstruído.
Um comentário:
É uma pena, de fato.
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